Orientação aos Pais

Ótimo texto escrito pela jornalista Eliane Brum na revista Época:

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI247981-15230,00.html

Do que chega no consultório, percebo o seguinte…

Alguns pais agem puramente com falta de interesse, algo como, se fizer tudo e der tudo ele não me atrapalha, dá para a Dra, ver se não é melhor ele tomar algum remédio para ficar mais tranquilo, calmo, ele é muito irriquieto, não para um minuto, faço tudo, dou tudo e ele não me deixa em paz!

Mas, existem os que se esforçam muito para dar aos filhos o que não tiveram na infância, adolescência e esquecem dos valores maorais, do amor.

E tem aqueles que tentam equilibrar a balança, e que se dão super bem nesta relação de que Amar muitas vezes é frustrar, principalmente quando o assunto são nossos filhos!

Busco muitas vezes na Orientação de Pais, trazer referências da educação que os pais tiveram, de relações criadas com base no Amor, respeito, educação. A vida é uma constante construção nossa, e nossos pais fazem parte deste início de construção, eles nos dão os alicerces!

Realmente muitas vezes precisamos frustrar nossos filhos para que eles aprendam a viver, faz parte do crescimento de qualquer pessoa a frustração, claro que não de uma maneira exagerada.

Crianças Ansiosas

Uma variável em nossa vivência temporal é a ansiedade, algo que nos tira do presente, nos faz viver o futuro, algo ainda não realizado, que não está pronto.

Tenho encontrado no consultório, em conversas com amigos que tem filhos e nos trabalhos voluntários com crianças que este tema é algo bem comum na infância.

A ansiedade é totalmente trazida por nosso tempo vivido, por nossa dificuldade de vivenciar o agora, é quando a projeção mental no futuro é mais forte do que no presente. A criança pode ter este comportamento aprendido dos adultos que a cercam, mas hoje há estudos que mostram que os genes também podem ter o seu papel nesse quadro. Uma pesquisa realizada por cientistas na Alemanha e nos Estados Unidos mostrou que pessoas com variações do gene que regula o neurotransmissor dopamina, o COMT, possuem mais chance de desenvolver distúrbios de ansiedade.

Mas a genética é apenas um dos diversos fatores que contribuem para a ansiedade. O ambiente, como o convívio em casa com a família, exerce uma função importante no comportamento da criança.

A criança ansiosa normalmente não se concentra no momento atual, vivenciando antecipadamente todos os seus sentimentos, sentindo muitas vezes fobias (medo de ficar sozinha, presa, pessoas, largar fraldas, chupetas), roendo unhas e cutículas, respirando e comendo rapidamente, podem ter náuseas, diarréias, vômitos, dificuldades de concentração.

O importante é que ao percebermos nossas crianças com alguns hábitos ansiosos, tentarmos revisitar nossas condutas, nossas atitudes podem causar ansiedade nelas, assim como ficar mostrando a elas o comportamento “ansioso” muitas vezes não ajuda, só agrava mais a ansiedade. Devemos avaliar se a ansiedade não está vinculada a alguma mudança repentina que a criança passou (escola, casa, separação dos pais), a perda de um ente querido, nascimento de um(a) irmaozinho(a).

Se a ansiedade não diminuir com a atenção e amor dos pais (ajudá-lo a se concentrar, criar momentos prazerosos), um profissional deve ser consultado, pois no futuro suas vivências podem ficar comprometidas pela ansiedade (fobias sociais, depressão, pânico).