Tempo da Existência

Sinto o tempo passando por mim e de alguma forma me moldo a ele; quantas vezes tanto eu como meus pacientes tivemos percepções como estas?

Penso que existem diversas formas de vivenciar o tempo, uma delas é viver o tempo cronológico, o tempo do dorme e acorda (como às vezes explico para meus pacientes pequenos), aquele que de alguma forma molda meus dias em manhãs, tarefas, tardes, tarefas e noites dormir.

Este tempo fica imutável, cercado de vivências comuns, cotidianas e superficiais. Nas quais não consigo transcrever quem sou, o que penso, reflito, quero, busco, sinto. Mas, que me carrega dia após dia, mês após mês e ano após ano, a uma vivência simples, comum.

Busco junto a meus pacientes, encontrar o tempo talvez do coração, no sentido mais subjetivo mesmo, o tempo dos meus sentimentos, aquele que consiga traduzir minhas verdades, escolhas, pensamentos.

Um tempo que não consegue ser mensurado de forma comum, mas que apenas as vivências realmente sentidas podem transmutá-lo. E que cada um de nós tem o seu, ele não é comum, simples, mas sim, intenso, forte, cúmplice. Que cure minhas dores, dê novos significados a meus vazios existenciais, envolva minha história em um colorido só meu.

As experiências compartilhadas muitas vezes me mostram que ele existe, de alguma forma ainda busco encontrá-lo, em alguma vivência simples e sutil.

Ao pensar em tempo, nos referimos muitas vezes ao tempo mecânico, o tic-tac do relógio que anuncia o passar do tempo, muitas vezes vivenciado de forma angustiante, entediada, apressada, dentre outras.

Pensando assim, temos o tempo como uma extensão de nós mesmos, não algo do mundo. Ele é consciente, mede e vivencia nossas experiências, ele é o Tempo Vivido.