Pânico, e agora?
Atualmente tenho recebido no consultório mais pessoas relatando vivências de síndrome do pânico, adultos jovens (entre 20 e 35 anos), e mesmo assim com esta semelhança, cada um que aparece com este rótulo, tem uma vivência diferenciada dele. Esta vivência é encontrada no tempo vivido, na totalidade da pessoa, e não, em suas crises.
Os relatos são muito parecidos fisiologicamente, a maioria começa com mal estar generalizado, sem motivos aparentes e exames médicos totalmente normais, porém uma sensação de iminência de morte, taquicardia, transpiração, tremedeiras.
O trabalho no consultório, durante a psicoterapia, é buscar entender o estado de pânico, e não o pânico em si, pois este é sentido pelo paciente.
Ao buscar com ele este estado, entramos realmente no que lhe diz mais intimamente, pois se ficarmos apenas com o rótulo de pânico vivido, estamos deixando de observar para o como ele vivencia, e ficamos apenas com as crises.
Ou seja, em psicoterapia a busca do pânico não é feita na crise, mais sim, numa vivência de um processo de descobertas. Ao se deparar com esta vivência, o paciente olha para temas mais profundos e verdadeiros sobre ele.
Para compreendermos a vivência do pânico devemos juntos (psicólogo e paciente), nos aproximarmos das vivências que trazem medo e que muitas vezes ressoam no pânico. E ao nos depararmos com os medos e vivências reais do pânico daquele paciente específico tornamos as experiências vivenciadas por ele totalmente compreensíveis, e não rotuláveis.
O pânico pode vir de um descolamento do mundo, de um estar solto, sem compromissos, um viver sem intensidade e densidade. Como pode também, vir de uma vivência exagerada de controle sobre o mundo. O que só é percebido na descoberta da vivência, e não da crise.
Na psicoterapia convido o paciente a olhar para algo dentro dele que é desconhecido, mas que está de alguma forma latente, a psicoterapia é vivenciar este desconhecido, deixando sempre os rótulos de lado e acolhendo estas vivências como as possíveis dele ter vivido até o momento.
Ao acompanhar as vivências pessoais dos pacientes, sinto que o pânico pode vir como um chamamento para cruzarmos uma fronteira nova em nossas vidas, uma fronteira com infinitas possibilidades de transformação, o que sem perceber me remete a uma sensação de morte, pois algo em mim morre para que eu conheça e assuma novas possibilidades de ser.
Vamos juntos cruzar estas fronteiras e nos abrirmos para o novo sem medo?